A testosterona desempenha um papel importante na saúde masculina, sobretudo a nível do sistema reprodutivo. Pelas suas propriedades anabólicas, esta hormona é também das mais relevantes no mundo da musculação.
Nos países ocidentais desenvolvidos, desde 1970 que tem vindo assistir-se a uma diminuição dos níveis de testosterona no homem, à taxa de 1% ao ano.
Entre as possíveis causas para este decréscimo temos o aumento progressivo da adiposidade corporal, mas também se teorizou que esta diminuição se deve a alterações ao nível da ingestão alimentar.
Mais precisamente pensa-se que se deve a uma diminuição da ingestão de gordura, sobretudo das gorduras monoinsaturadas e saturadas, em detrimento de uma maior ingestão de hidratos de carbono.
Whittaker et al. (2021)
Em 2021, um grupo de investigadores conduziu uma revisão sistemática e meta-análise com vista a determinar os possíveis efeitos de uma dieta baixa em gordura em comparação com uma dieta rica em gordura, nos níveis de testosterona e outros marcadores hormonais associados, em homens.
Este trabalho inclui um total de 6 estudos de intervenção, num total de 206 participantes do sexo masculino com uma idade média de 46 anos. Estes voluntários aderiram a regimes dietéticos pobres em gordura, e ricos em gordura, durante 2 a 10 semanas.
Nos regimes pobres em gordura, este macronutriente forneceu entre 6,8 e 25% do valor energético total da dieta. Nos regimes ricos em gordura, os lípidos representaram entre a 36,4% da ingestão energética total.
Resultados
Estes investigadores verificaram que as dietas baixas em gordura resultaram numa diminuição:
• Ligeira a moderada, estatisticamente significativa, dos níveis de testosterona total, da testosterona livre, e da testosterona na urina.
- Ligeira, mas estatisticamente significativa, dos níveis de dihidrotestosterona (DHT).
- Ligeira, mas não estatisticamente significativa, dos níveis de hormona leutinizante, e da hormona globulina de ligação à hormona sexual (SHBG).
De salientar que a diminuição dos níveis de testosterona total, com um regime alimentar baixo em gordura, foi mais acentuada nos indivíduos de ascendência branca/europeia.
Com base nestes resultados pode-se afirmar que as dietas pobres em gordura, em que este macronutriente representa menos de cerca de 40% do valor energético total, diminuem os níveis de testosterona em homens.
Possíveis mecanismos
De acordo com estes autores, o colesterol serve como substrato para a produção de testosterona e a diminuição da ingestão de colesterol, a partir da dieta, resulta numa menor produção de testosterona nos testículos, o que se traduz em níveis diminuídos de testosterona total, testosterona livre e DHT.
Referem ainda que as dietas baixas em gordura dos estudos incluídos na meta-análise tinham rácios mais elevadas de ácidos gordos polinsaturados e menores de ácidos gordos monoinsaturados e saturados.
E explicam que, comparativamente às gorduras monoinsaturadas e saturadas, os ácidos gordos polinsaturados são mais suscetíveis à oxidação, e por isso causam maior stress oxidativo nos testículos, o que por sua vez diminui a atividade das enzimas esteroidogénicas envolvidas na produção de testosterona.
Estes investigadores concluíram:
Em comparação com as dietas ricas em gordura, as dietas baixas em gordura diminuem os níveis de testosterona nos homens através de uma diminuição da produção de testosterona nos testículos.
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