Afirma-se com alguma frequência que ingestão de quantidades relativamente mais elevadas de proteína tem um impacto negativo na saúde, sobretudo a médio-longo prazo.
Entre os putativos efeitos negativos temos, por exemplo, perturbações a nível renal, problemas cardiovasculares, maior probabilidade de problemas de saúde na velhice incluindo menor saúde metabólica, menor longevidade e outros.(1)
Mas será que uma maior ingestão de proteína realmente prejudica a saúde a longo prazo?
Kitada et al. (2024)
Recentemente, foi publicado um estudo que pretendeu avaliar os efeitos da ingestão de proteína a longo prazo, no envelhecimento de 3721 mulheres que participaram no famoso estudo prospetivo Nurses Health Study.
Mais precisamente, estes investigadores pretenderam testar a hipótese de que uma ingestão mais elevada de proteína se associa a uma maior probabilidade de envelhecimento saudável.
Neste caso, envelhecimento saudável correspondia a uma boa saúde mental, inexistência de problemas de memória ou de funcionamento físico, e à ausência de 11 principais doenças crónicas, incluindo cancro, diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, insuficiência renal, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença de Parkinson, esclerose múltipla e esclerose lateral amiotrófica.
Resultados
Estes investigadores verificaram que a ingestão de proteína está significativamente associada a maiores probabilidades de envelhecimento saudável.
Mais especificamente, verificou-se que cada incremento de 3% de energia total da dieta proveniente de proteína resultou em maiores probabilidades de envelhecimento saudável para a proteína de origem animal (7%), proteína proveniente de lacticínios (14%) e proteína de origem vegetal (38%).
A substituição de proteínas de origem animal, hidratos de carbono ou gordura por proteínas de origem vegetal também apresentou associações positivas com um envelhecimento saudável.
Kitada e colegas sugerem que o impacto mais expressivo da proteína de origem vegetal na saúde poderá relacionar-se com um maior consumo de frutas e vegetais, e vários dos restantes constituintes presentes nesses e outros alimentos de origem vegetal, nomeadamente a fibra, micronutrientes e polifenóis.
Referem ainda que a proteína desempenha um papel importante na manutenção de um estado de saúde adequado em indivíduos idosos, sobretudo na manutenção da capacidade física. Uma ingestão mais elevada está associada a uma menor perda de massa muscular, menor perda de massa óssea, menor risco de fraturas da anca, e melhor desempenho físico nestes indivíduos.
Estes investigadores concluíram:
A ingestão de proteína, sobretudo proteínas de origem vegetal, associa-se a maiores probabilidades de envelhecimento saudável e a vários aspetos de um estado de saúde positivo num grupo grande de enfermeiras.
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