Avançar para o conteúdo principal

O Metabolismo Diminui Com a Idade?

Atualmente sabemos que o corpo humano sofre alterações ao longo da sua vida, inclusive ao nível do tamanho, e da composição corporal. 

Neste contexto, frequentemente afirma-se que a taxa metabólica basal diminui ao longo dos anos, declinando de modo mais acentuado desde a meia-idade e ao longo da velhice. 

Mas será efetivamente isso que acontece? 

O Estudo

Os autores de um artigo publicado em 2021 propuseram-se a caracterizar, de modo detalhado, a evolução do dispêndio energético do ser humano, ao longo das diferentes fases do seu ciclo de vida, inclusive a sua relação com o sexo e a massa magra. 

Com esse propósito em vista, Pontzer e colegas recorreram a valores de dispêndio energético total, obtidos a partir de uma base de dados de 6421 voluntários (64% do sexo feminino), dos 8 dias aos 95 anos, com recurso ao método da água duplamente marcada. 

Usaram ainda valores de dispêndio energético basal de 2008 indivíduos, estimados a partir do método calorimetria indireta. 

Resultados

Primeiramente, há que referir que estes investigadores verificaram que o dispêndio energético basal, e o total, dependente estreitamente da massa magra. Isto fez com que tivessem de ajustar os valores para essa e outras variáveis, incluindo o peso corporal, composição corporal e o sexo. 



Tal como se pode observar nos gráficos apresentados acima, tanto o dispêndio energético basal como o total, ajustados, aceleram rapidamente a partir do primeiro até aos 5 anos de idade, declinam progressivamente ao longo da infância e adolescência, mantêm-se relativamente estáveis a partir dos 20 anos e ao longo da idade adulta, e começam a declinar novamente a partir da velhice (> 60 anos). 

A partir destes dados, verificamos que, ao contrário do que tipicamente se afirma, o metabolismo basal não diminui a partir da meia-idade, mas sim a partir dos 60 anos de idade. Este período coincide com uma diminuição progressiva da massa magra. 

No seu estudo, estes investigadores também registaram um pico de atividade física entre os 5 e 10 anos de idade, um declínio progressivo até ao período da adolescência, a partir do qual os valores se mantêm estáveis até à meia-idade. 

 A partir da meia-idade o nível de atividade física começa a declinar, de forma a cada vez mais acentuada, inclusive ao longo da velhice. Esse declínio poderá ser um dos principais fatores que contribuem para a perda progressiva de massa magra em idosos. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Quanta proteína é possível absorver por refeição?

Dentre a série de tópicos relativamente controversos englobados no mundo da nutrição temos a questão da quantidade de proteína que o corpo humano consegue absorver no seguimento de uma dada refeição. Relacionado com a mesma temática, temos a questão da definição da quantidade de proteína que idealmente se deve ingerir após a execução de um treino resistido, com vista a maximizar a síntese de proteína muscular. Estudos publicados até há poucos anos concluíram que a ingestão de 20 a 25 g de proteína de boa qualidade (whey, proteína do leite, ou proteína de ovo) após um treino de musculação direcionado à musculatura dos membros inferiores seria o suficiente para maximizar a síntese de proteína muscular em adultos jovens e saudáveis, sendo que em doses superiores os aminoácidos “excedentários” seriam simplesmente oxidados. 1,2   Entretanto, em 2016, os autores Macnaughton et al. 3 verificaram que a suplementação com 40 g de proteína whey após uma sessão de treino de musculação de corpo i

Os Suplementos Termogénicos Funcionam?

A obesidade encontra-se classificada como uma doença crónica cuja prevalência tem vindo a aumentar ao ponto de atualmente ser considerada uma pandemia. ¹ Atualmente, verifica-se que a maioria da população europeia (60%) encontra-se na categoria de pré-obesidade, ou obesidade. ¹ Em Portugal o cenário é relativamente similar, com 57,1% dos indivíduos a apresentar um índice de massa corporal ≥25 kg/m². ²   Logicamente, esta população numerosa representa um mercado apetecível para as empresas envolvidas na produção e/ou comercialização de suplementos alimentares, que ambicionem aumentar as suas vendas.  Do conjunto de suplementos direcionados para a perda de peso/gordura, destacam-se os termogénicos, os quais, supostamente, promovem um aumento da lipólise através de um aumento do metabolismo, induzido por determinados compostos presentes nesses suplementos.  Mas será que os suplementos termogénicos efetivamente facilitam a perda de peso ou de gordura em indivíduos pré-obesos ou obesos?  Cl

É Melhor Perder Peso de Forma Rápida ou Lenta?

A perda de gordura pode proporcionar vários benefícios para a saúde daqueles que têm excesso de peso. ¹⁻² e é uma necessidade imperativa para atletas de determinados desportos e para aqueles que participam em competições de culturismo e similares.³ No entanto, independentemente do ritmo a que se perde peso, há uma série de consequências negativas que são praticamente impossíveis de evitar. Esses efeitos indesejáveis incluem a diminuição da taxa metabólica basal em repouso,⁴ dos níveis de testosterona,⁵ perda de massa magra,⁶ e diminuição da força muscular.⁷⁻⁸ De forma a minimizar esses efeitos negativos, são muitos aqueles que evitam as dietas mais drásticas, do tipo yo-yo e que, em vez disso, aconselham uma perda de peso lenta, por exemplo, de 0,5 kg de peso corporal, por semana.³ O que diz a ciência? Já foram conduzidos variados estudos que procuraram determinar qual a velocidade de perda de peso que melhor preserva a taxa metabólica, a massa magra, bem como os níveis de testosterona