Apesar do seu consumo ainda ser bastante popular entre os praticantes de treino resistido e adeptos do fitness em geral1, tem vindo a acumular-se evidência de que a suplementação com vitamina C e E interfere de forma negativa nas adaptações fisiológicas ao exercício resistido, podendo inibir os ganhos de força e de massa muscular. 2-5
Já em 2013, Makanae et al tinham realizado um estudo em ratos, no qual se verificou que a suplementação com vitamina C minimizou o aumento da massa muscular em comparação com ratos que não foram suplementados com esta vitamina.2
No final de 15 dias, apenas os ratos que não receberam doses extra de vitamina C obtiveram um aumento da expressão de moléculas que promovem a síntese de proteína muscular e uma diminuição de marcadores de atrofia muscular.2
Um ano mais tarde, Paulsen e colegas testaram o efeito da suplementação com 1000 mg de vitamina C e 235 mg de vitamina E, durante 10 semanas, em indivíduos jovens, enquanto estes realizavam treino resistido. Na sua conclusão, estes investigadores concluíram a suplementação com estas vitaminas interferiu de forma negativa na resposta celular aguda ao exercício resistido e inibiu os ganhos de força no exercício bíceps curl.4
Mais recentemente, Dutra et al testaram os efeitos do treino resistido em combinação com a suplementação com 1 g de vitamina C e 400 UI de vitamina E na massa adiposa e na massa livre de gordura de mulheres jovens.3
No final de 10 semanas, o grupo que recebeu os suplementos antioxidantes não só obteve menores ganhos de massa magra, como também perderam menos massa gorda.3
De facto, verifica-se que as espécies reativas de oxigénio (ROS) desempenham um papel importante na remodelação do músculo esquelético e na promoção de adaptações positivas ao treino de alta intensidade. Ao inibir o aumento dos níveis de ROS, a suplementação com antioxidantes poderá limitar as adaptações ao treino.5
Também se constatou que a prática de exercício físico, por si só, já provoca um aumento dos níveis endógenos de antioxidantes,6 pelo que a suplementação com doses elevadas destes compostos poderá não fazer sentido.
➤ Mostrar/Ocultar Referências!
- Malik A, Malik S. Prevalence of nutritional supplements in gyms. British Journal of Sports Medicine. 2010;44(Suppl 1):i44.
- Makanae Y, Kawada S, Sasaki K, Nakazato K, Ishii N. Vitamin C administration attenuates overload-induced skeletal muscle hypertrophy in rats. Acta physiologica (Oxford, England). 2013;208(1):57-65.
- Dutra MT, Alex S, Silva AF, Brown LE, Bottaro M. Antioxidant Supplementation Impairs Changes in Body Composition Induced by Strength Training in Young Women. International journal of exercise science. 2019;12(2):287-296.
- Paulsen G, Hamarsland H, Cumming KT, et al. Vitamin C and E supplementation alters protein signalling after a strength training session, but not muscle growth during 10 weeks of training. The Journal of physiology. 2014;592(24):5391-5408.
- Merry TL, Ristow M. Do antioxidant supplements interfere with skeletal muscle adaptation to exercise training? The Journal of physiology. 2016;594(18):5135-5147.
- Parker L, McGuckin TA, Leicht AS. Influence of exercise intensity on systemic oxidative stress and antioxidant capacity. Clinical physiology and functional imaging. 2014;34(5):377-383.
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