Já se sabia que os alimentos orgânicos contêm quantidades significativamente mais reduzidas de pesticidas orgânicos do que os alimentos convencionais. Mas e em relação ao conteúdo de nutrientes? Será que os alimentos orgânicos são mais nutritivos?
Felizmente, até hoje já foram realizadas várias investigações que nos poderão ajudar a encontrar a resposta a esta questão.
Como exemplo, uma análise realizada em 2011 descobriu que os produtos os produtos orgânicos têm tendência a conter níveis significativamente mais elevados de Vitamina C e “metabólitos secundários”.
Esses metabólitos secundários incluem vários compostos antioxidantes como os polifenóis, flaconóides e outros fitonutrientes (1).
Frutas e verduras
Um estudo que examinou a qualidade da fruta de três variedades morangos orgânicos e de morangos produzidos de forma convencional, encontrou diferenças importantes (2).
Em primeiro lugar, os morangos orgânicos venceram em quase todos os testes de paladar. Eram mais pequenos, mas mais densos. E também eram mais brilhantes, o que está correlacionado com níveis mais elevados de compostos fenólicos e de outros antioxidantes.
Os morangos orgânicos continham mais Vitamina C, duraram mais tempo nas prateleiras de exposição e eram mais resistentes a fungos (apesar de não terem recebido fungicidas).
Outro estudo de revisão verificou que, de uma forma geral, os produtos orgânicos continham níveis mais elevados de metabólitos secundários e tinham tendência a conter mais magnésio, vitamina C, ferro e fósforo.
Ovos
A maioria dos ovos que se vendem atualmente nos supermercados têm uma qualidade nutricional inferior à dos ovos produzidos por galinhas criadas em pastos. Esta foi a conclusão a que chegou uma investigação publicada em 2010 em Cambridge Journals.
Nesta investigação, os ovos de galinhas criadas ao ar livre foram comparados com os ovos de 50 galinhas irmãs que foram alimentadas apenas com ração comercial em confinamento durante 6 semanas completas (4).
Em comparação com os ovos das galinhas criadas em confinamento, os ovos das galinhas criadas ao ar livre continham:
- O dobro da quantidade de vitamina E.
- Uma quantidade 2,5 vezes superior de ácidos gordos ômega-3.
- Menos de metade do rácio de ácidos gordos ômega-6 para ômega-3.
- Uma concentração 38% mais elevada de vitamina A.
Em 2003, a investigadora Heather Karsten da Universidade da Pensilvânica comparou os ovos de dois grupos da mesma variedade de galinhas. Um grupo foi mantido em condições de confinamento, de produção intensiva, e o outro foi colocado ao ar livre, com acesso a grama mista e pastagem de leguminosas (5).
Esta investigadora verificou que ambos os tipos de ovos continham níveis semelhantes de gordura e de colesterol, mas os ovos das galinhas criadas ao ar livre continham uma quantidade três vezes superior de ômega-3, 220% mais vitamina E e 62% mais vitamina A do que os ovos de galinhas criadas em confinamento.
Num relatório, a Universidade de Michigan afirmou que
A maioria dos produtos animais produzidos de forma industrial contêm resíduos de fármacos, hormonas e químicos...
Esses resíduos presentes nos alimentos aumentam o risco de cancro da mama e de outros cancros relacionados com hormonas, incluindo o cancro da próstata.
Esse relatório concluiu:
Nós recomendados ovos de galinhas criadas ao ar livre porque podem conter menos resíduos de antibióticos ou de hormonas e podem ter um conteúdo mais elevado de ômega-3 e de vitamina E.
Devido à dieta e à capacidade de movimentação ao ar livre, os ovos dessas galinhas têm um sabor melhor e valor nutricional superior ao dos ovos convencionais.
Bife
A forma como os animais se alimentam ou são alimentados pode ter um efeito notório na composição nutricional da sua carne. Isto é particularmente evidente quando se trata da composição dos seus ácidos gordos.
Normalmente, a carne dos animais alimentados a pastos tem uma menor quantidade total de gordura do que a carne de animais alimentados a cereais, o que significa que, grama por grama, o bife de vacas alimentadas a pastos contem menos calorias.
Para além disso, este tipo de carne contem quantidades mais elevadas de:
- Ácidos gordos ômega-3: O bife de vacas alimentadas com pastos pode conter até 5 vezes mais ômega-3 do que o bife de vacas alimentadas com cereais.
- Ácido linoleico conjugado (CLA): O bife de vacas alimentadas a pastos contem uma quantidade até 2 vezes maior de CLA do que o bife de vacas alimentadas a ração. O CLA é um tipo de ácido gordo que está associado a uma redução da gordura corporal e a outros efeitos benéficos (7).
- Vitamina A: O bife de vacas alimentadas a pastos também contém mais caratenóides percursores da Vitamina A, tal como o betacaroteno.
- Vitamina E: Esta é outra vitamina, com propriedades antioxidantes, que a bife de vacas alimentados a pastos contêm em maior quantidade.
- Minerais: Para além disso, o bife de bovinos alimentados a pastos também contem quantidades mais elevadas de potássio, ferro, zinco, fósforo e sódio (8, 9, 10, 11)
Outros tipos de carne vermelha e lacticínios
Vários estudos indicam que a carne e o leite de cordeiros alimentados a pastos contêm uma quantidade significativamente mais elevada de ácidos gordos ômega-3 e de ácido linoleico conjugado do que a carne e o leite de cordeiros alimentados a cereais (11, 12, 13).
Outro estudo revela que a composição de ácidos gordos do bisonte alimentado a pastos é similar à da vaca alimentada a pastos, e ambos contêm níveis mais elevados de ômega-3 e de CLA do que a carne do bisonte alimentado a cereais (14).
Conclusão
De uma forma geral, podemos verificar que existe um número significativo de investigações que sugerem que os produtos orgânicos tendem a ser mais nutritivos e saudáveis.
Por isso, gostaria de sugerir ao leitor que tente ingerir sobretudo alimentos orgânicos. No entanto, entendo que pode ser difícil obter este tipo de alimentos em determinadas zonas e alturas do ano.
Infelizmente, e na maioria das vezes, os alimentos orgânicos também têm o inconveniente de serem mais dispendiosos.
Comentários
Enviar um comentário