O fenugreek (Trigonella foenum-groecum L.), traduzido como feno grego, é uma das mais antigas plantas medicinais cultivadas e seu uso terapêutico é conhecido desde a antiguidade.
O emprego desta planta e, especialmente, das suas sementes têm sido utilizadas para o tratamento de disfunções nutricionais ou metabólicas. A cada 100g de folhas contém 4,4% de proteínas, além de vitaminas (como, por exemplo, A, B1, B2 e C) e sais minerais.
Todos os componentes desta planta podem ser consumidos de diferentes formas¹
QUAIS OS BENEFÍCIOS DESCRITOS NOS ESTUDOS?
A modernidade é caracterizada por muito trabalho e falta de tempo, que faz com que a maioria das pessoas deem preferência aos alimentos conhecidos como fast-foods. Porém em um estudo publicado neste ano foi mostrado que é possível ter opções saudáveis.
O objetivo deste estudo foi a promoção da saúde através da produção de salgadinhos feitos com farinha de sementes de feno-grego, pó de folhas, ervilha seca verde e farinha de aveia e posteriormente investigar o efeito das condições de processo sobre as propriedades nutricionais.
Mostrou-se que é possível obter boas refeições e nutritivas através desses componentes, especialmente o feno grego.²
Recentemente (2016) em um estudo clínico foram avaliados sessenta indivíduos do sexo masculino, saudáveis, distribuídos aleatoriamente para ingerir 1 capsula de Fenugreek de 300 mg duas vezes ao dia (20 minutos antes do almoço e 20 minutos antes do jantar) ou placebo.
Os indivíduos participaram de um programa, supervisionado, de treinamento muscular de resistência e força máxima (supino e leg press) durante 8 semanas.
O objetivo principal foi avaliar a eficácia e segurança do fenugreek sobre os parâmetros fisiológicos relacionados com o anabolismo muscular, hormônios androgênicos e gordura corporal.
Houve um efeito anabólico significativo e maior atividade androgênica em comparação com o placebo. Além disso, o feno grego foi benéfico na diminuição de gordura corporal.
É importante salientar que isto ocorreu sem redução de força muscular ou repetições até a falha. Em relação à segurança, este suplemento foi bem tolerado, sem afeitos adversos.³
Um trabalho científico experimental, em que foi avaliado o efeito do feno grego no endurance, concluiu-se que houve um aumento de resistência, muito provavelmente em decorrência da sua utilização de ácidos graxos como fonte de energia.⁴
Em trabalho conduzido por 6 semanas com 39 voluntários masculinos com sobrepeso (índice de massa corporal entre 24,9 e 29,9 kg/m2) foi demonstrado que o tratamento com extrato de feno grego reduziu especificamente o consumo de gordura, sem estimular a ingestão de alimentos em geral. Houve também benefício na resistência insulínica e estado metabólico em geral.⁵
Alguns estudos têm mostrado que as sementes, extrato ou componentes purificados do feno grego têm ação na redução lipídica.⁶ Além deste efeito positivo no perfil lipídico, também é descrita sua ação antioxidante.
Em trabalho experimental com fenugreek e alho, essa suplementação foi associada com diminuição de triglicerídeos e LDL (fração “ruim” do colesterol), aumento de HDL (“colesterol bom”) e ação antioxidante.⁷
Estudos já demonstraram o efeito hipoglicemiante do feno grego em pacientes diabéticos. Acredita-se que o benefício decorra da estimulação direta das células beta pancreáticas (com aumento da secreção de insulina) e também por ação positivo na resistência insulínica.
Isso pode potencializar o efeito terapêutico das medicações hipoglicemiantes (antidiabéticas).
Estes estudos sugerem também que a Trigonella poderia ser usada com um suplemento alimentar mesmo em indivíduos sem diabetes, porém com uma dieta rica em carboidratos.⁸
As mulheres após a menopausa também podem se beneficiar dos efeitos do fenugreek. Um estudo clínico foi investigado o efeito de extrato de feno grego (1.000 mg ao dia durante 90 dias) em 88 mulheres com sintomas moderados ou graves relacionados à menopausa, acompanhados de marcado prejuízo na qualidade de vida. A maioria se beneficiou muito com esta suplementação.⁹
Em outro estudo foi demonstrado os efeitos do feno grego na dismenorreia primária após administração de 3.000 mg ao dia da fenugreek em 60 mulheres. Elas apresentaram redução de pelo menos 60% dos sintomas e, apesar da dose elevada, não foi relatado efeitos colaterais.¹⁰
Recentemente, estes benefícios também foram observados em 50 mulheres entre 18 e 45 anos, com síndrome dos ovários policísticos. Com o uso de 1g por dia, foi observada melhora em mais de 94%, além da resolução completa de cistos e retorno do ciclo menstrual em 36% e 71% dos casos, respectivamente.¹¹
Em relação à ação hormonal do feno grego, foi demonstrado que o uso de 600 mg ao dia de deste suplemento por 8 semanas gerou aumento de testosterona livre e estradiol em 80 mulheres entre 20 e 49 anos.
Estes resultados indicam que o extrato de fenugreek pode ser útil em mulheres com alteração da libido e perda do desejo sexual. Apesar de contraindicado na gestação, há relatos de aumento da produção do leite materno em mulheres na fase de lactação.¹²
O feno grego também pode ter implicações com a regulação hormonal masculina. Ele é um ingrediente relativamente comum em vários “suplementos para a saúde masculina”, na dose de 600 mg a 1.100 mg ao dia.
Apesar do seu potencial benefício em homens com disfunção erétil, ainda não foi comprovado o seu papel na melhora da libido e dos níveis de testosterona em homens com queda hormonal.¹³
DOSES RECOMENDADAS:
Conforme descrito nos estudos, a dose e tempo de uso dependerá do efeito desejado.
As sementes de feno grego podem ser usadas com muita versatilidade, na forma de chá, farinha, prensado em óleo, cozido, entre outras formas. Como exemplo, pacientes diabéticos podem usar entre 2 e 5 g de sementes para auxiliar na redução dos níveis de glicose sanguínea.
Como suplemento, tem crescido seu uso em cápsulas, cuja dose habitualmente varia entre 500 mg a 1.100 mg por dia, de forma fracionada. Porém, esta dose pode ser reajustada, de acordo com a resposta clínica e objetivo desta suplementação.
QUAIS SÃO OS POTENCIAIS EFEITOS COLATERAIS DO FENO GREGO?
O feno grego não é isento de efeitos adversos, porém a maioria dos efeitos colaterais são leves e de origem gastrointestinal, como desconforto epigástrico (“estomacal”), diarreia e distensão abdominal.
Pode ocorrer hipoglicemia em pacientes diabéticos que estão em uso de medicações visando redução da glicemia. Então, naqueles em uso de hipoglicemiantes orais ou em uso de insulina, é recomendado monitorização da glicemia e atenção aos sintomas de queda da glicemia sanguínea.
Embora reações alérgicas graves sejam raras, as leves podem ocorrer em algumas pessoas susceptíveis.
Apesar de muito raro, é possível que o uso do feno grego cause queda do potássio no sangue, motivando cuidado em pacientes em uso de medicações com risco de queda nos níveis séricos de potássio (hipopotassemia).
PODEM TER INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS?
Devido a alta quantidade de fibra contida no feno grego, se for ingerido junto ou próximo de outras substâncias ou medicações, pode prejudicar sua a absorção.
Apesar de raramente causar leve hipopotassemia, teoricamente pode interagir com digoxina, medicamentos para controle de arritmia, diuréticos e laxativos.
Apesar da descrição de apenas um caso de provável interação com medicação anticoagulante, pacientes em uso de warfarin devem ser orientados para a possiblidade de interferência no nível de anticoagulação.
CONTRAINDICAÇÕES:
Seu uso é contraindicado durante a gestação e nos indivíduos com alergia. Orienta-se que se a pessoa tem alergia a amendoin, grão-de-bico ou coentro não usem fenogrego, pois podem ter alergia cruzada.
CONCLUSÃO:
O crescente interesse da comunidade cientifica em estudar o feno grego (fenugreek) se justifica pelos múltiplos benefícios nutricionais, metabólicos, na composição corporal e rendimento físico deste suplemento.
As evidências apontam para sua ação na melhora da resposta muscular naqueles que praticam musculação. Além do atual uso entre muitos indivíduos que treinam e frequentam academias, novos estudos auxiliarão no melhor conhecimento deste promissor suplemento.
Autores:
Bruno Cezario Costa Reis – Clínica Médica. Nutrição Esportiva
Julio Cesar Tolentino Jr. – Clínica Médica. Cardiologia. Medicina do Exercício e do Esporte.
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