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Mentol - O novo ergogénico

Sabia que o mentol melhora performance atlética? Já era sabido que esta erva tem alguns efeitos interessantes, nomeadamente propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, anti-espasmódicas, descongestionantes, analgésicas e vasoconstritoras.

Na verdade, foram até realizados vários estudos que procuraram determinar se o mentol tem propriedades ergogénicas, tendo-se verificado que o aroma de mentol reduz a percepção de carga de trabalho, percepção de esforço e a ansiedade.

Também aumentou a capacidade cognitiva e melhorou o desempenho em tarefas relacionadas com processos de atenção, reconhecimento, memória, resposta motora à visão e ainda a performance do texto escrito.

Mas um estudo mais recente foi o primeiro a observar efeitos significativos no rendimento desportivo.

Nele participaram 20 jovens saudáveis do sexo masculino, que ao longo de 10 dias ingeriram 500 ml de água contendo 0,05 ml de óleo essencial de mentol.

Antes e após este período de suplementação, os participantes realizaram um teste numa passadeira de corrida, no decorrer do qual os investigadores mediram a tensão arterial, o ritmo cardíaco, a ventilação e efetuaram a análise de gás e a vários parâmetros de espirometria, incluindo a capacidade vital forçada, pico de fluxo expiratório e pico de fluxo inspiratório.

Após 10 dias, verificou-se um aumento significativo da:

  • Capacidade vital forçada (+4,8%)
  • Pico de fluxo expiratório (+4,35%)
  • Pico de fluxo inspiratório (+15,1%)
  • Performance do exercício, avaliada pelo tempo até à exaustão (+24,9%).
  • Absorção de oxigénio (+10,5%) e de eliminação de dióxido de carbono (+21,1%).

Os investigadores concluíram:

Os resultados da experiência suportam a eficiência do óleo essencial de mentol na performance do exercício, na análise de gases, nos parâmetros de espirometria, na análise de gases e na taxa respiratória de jovens saudáveis do sexo masculino.

As explicações mais plausíveis são o relaxamento dos músculos lisos dos brônquios, o aumento da ventilação e da concentração de oxigénio no cérebro, e ainda a diminuição dos níveis sanguíneos de lactato.

A partir deste e outros estudos realizados, não é possível ainda explicar os mecanismos exatos por detrás desses efeitos, mas teoriza-se que possam dever-se ao:

  • Relaxamento dos músculos lisos dos brônquios e das vias aéreas.
  • Diminuição da tensão da superfície do surfactante pulmonar.
  • Aumento da força do músculo inspiratório.
  • Diminuição dos níveis de lactato no sangue, que por sua vez atrasa a fadiga.
  • Melhoria do metabolismo energético do tecido muscular, que aumenta o metabolismo dos hidratos de carbono.
  • Efeito estimulante do Sistema Nervoso Central
  • Aumento da eficiência cardiovascular e respiratória, que também permite fornecer mais oxigénio ao cérebro e assim manter o desempenho físico.
  • Aumento da oxidação dos hidratos de carbono, da gordura e aumento do dispêndio energético, possivelmente através da estimulação do córtex adrenal.
  • Redução do ritmo cardíaco e da pressão arterial sistólica.
  • Redução da tonicidade do músculo liso arterial.

Os investigadores referem ainda que é necessário realizar mais investigações para desvendar os mecanismos que estão por detrás da eficácia do mentol na performance do exercício e parâmetros respiratórios.

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