Até há pouco tempo, estava mais ou menos estabelecido que 20-25 gramas de proteína pós-treino seriam o suficiente para estimular ao máximo a síntese de proteína muscular, sendo que doses mais elevadas apenas aumentariam a oxidação dos aminoácidos.
Também se afirma com frequência que os indivíduos com maior quantidade de massa muscular requerem doses mais elevadas de proteína para atingirem o valor máximo de estímulo da síntese proteica muscular após os treinos.
Mas entretanto foi publicado um estudo que parece contrariar o que parecia ser uma certeza no mundo da nutrição desportiva.
O ESTUDO
Em estudos anteriores, que não encontraram diferenças significativas em termos de estímulos da síntese de proteína muscular com a ingestão de 20 e 40 g de proteína no pós-treino, os voluntários tinham treinado apenas a parte inferior do corpo com os exercícios prensa de pernas e cadeira extensora (1, 2).
Neste estudo, os investigadores pretenderam determinar:
- Se um treino de corpo inteiro, que envolve uma maior quantidade de massa magra influencia a quantidade de proteína necessária para maximizar a hipertrofia muscular.
- Se os indivíduos com maior quantidade de massa magra necessitam de doses mais elevadas (40 g vs 20 g) de proteína para estimular ao máximo a síntese de proteína de muscular.
Para isso, foram recrutados 30 voluntários jovens, do sexo masculino, que já tinham pelo menos 6 meses de experiência de treino com pesos.
Estes foram separados em duas categorias de acordo com o seu peso em massa magra:
- Uma categoria constituída por aqueles com menos de 65 kg de massa magra.
- Outro constituída por aqueles que tinham mais de 70 kg de massa magra.
Os voluntários realizaram dois treinos de corpo completo, separados por 2 semanas, que consistiram em 4 séries dos seguintes exercícios: supino, puxada, mesa flexora, prensa de pernas e cadeira extensora.
- No final de um treino, os voluntários ingeriram 20 gramas de proteína whey.
- No final de outro treino, ingeriram 40 gr de whey.
De notar que os participantes não realizaram os treinos em jejum, mas sim 3 horas após terem ingerido o pequeno-almoço.
Os investigadores efectuaram várias análises, inclusive biopsias musculares, pretendendo sobretudo medir a capacidade do tecido muscular “crescer” a um ritmo mais elevado.
RESULTADOS
A resposta de síntese de proteína muscular após a ingestão de proteína foi similar para os dois grupos.
A síntese de proteína muscular foi mais estimulada após a ingestão de 40 g em comparação com 20 g de proteína, em ambos os grupos.
Os investigadores escreveram:
"Os nossos dados indicam que a ingestão de 40 de proteína whey após um treino de resistência de corpo completo estimula mais a síntese de proteína muscular do que 20 g em jovens com experiência de treino."
"No entanto, com essas doses, a quantidade total de massa corporal magra não parece influenciar a resposta."
Infelizmente, como só foram testadas 2 doses (20 g e 40 g) este estudo não permitiu determinar a dose de proteína necessária para estimular ao máximo a síntese de proteína muscular.
O professor Tripton, que conduziu o estudo, afirmou:
"Até agora, o consenso entre os nutricionistas desportivos mais reconhecidos, incluindo a American College of Sports Medicine e a British Nutrition Foundation é que os atleta de força não precisam de mais do que cerca de 25 gramas de proteína após o exercício para estimular ao máximo a hipertrofia muscular."
"Isto põe em causa as recomendações vigentes e sugere que a quantidade de proteína que os nossos músculos necessitam após o exercício podem depender do tipo de treino realizado."
CONCLUSÃO
Quando se treina apenas um grupo muscular, como os quadríceps, 20-25 g de proteína no pós-treino parecem ser suficientes para estimular ao máximo a síntese de proteína muscular.
Os treinos de corpo inteiro, que envolvem um maior número de grupos musculares, parecem requerer mais proteína (40 g ou mais) para maximizar a síntese de proteína muscular.
A quantidade de massa muscular total que um indivíduo possui não parece influenciar a resposta de síntese de proteína muscular.
Ao recomendar quantidades de proteína, os nutricionistas devem ter em conta as características específicas do programa de treino do seu cliente.
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