Existe uma infinidade de filosofias de treino de musculação. Uma delas defende que, de modo a maximizar os ganhos de musculação, devemos estabelecer uma “ligação mente-músculo”, focando-nos ao máximo no grupo muscular-alvo durante a execução dos exercícios, em vez de simplesmente realizar o movimento.
Mas será que aplicar um maior foco, uma maior concentração na contração muscular realmente acelera a hipertrofia muscular?
Em 2018 foi publicado um estudo cujos autores pretenderam investigar os efeitos de direcionar a atenção para o interior (contração muscular), versus exterior (execução do movimento), durante o exercício resistido, nas adaptações musculares.
Para o efeito, estes académicos recrutaram 30 homens em idade universitária (21,7 ± 3,7 anos), os quais foram aleatoriamente separados em dois grupos. Um grupo concentrou-se em contrair o músculo-alvo durante o treino, e o outro focou-se em realizar o movimento.
Todos os voluntários seguiram o mesmo plano de treino, que consistiu em 3 sessões semanais, em dias alternados, durante oito semanas. Em cada sessão realizaram 2 exercícios: rosca com barra em pé (barbell curl) e extensão de perna na máquina (leg extension), executando 4 séries de 8-12 repetições por exercício.
Analisando a espessura muscular dos flexores do cotovelo, os investigadores registaram aumentos significativamente mais expressivos no grupo que se focou no grupo muscular alvo durante a execução dos exercícios, em comparação com o grupo que aplicou um foco externo, concentrando-se apenas na realização do movimento (12.4% vs. 6.9%).
Entretanto, não foram registadas diferenças significativas ao nível da espessura da musculatura dos quadríceps. Os autores teorizam que isso se deveu a uma maior dificuldade de concentração nesses músculos devido à inexperiência dos voluntários com o treino resistido.
De acordo com os autores deste trabalho:
Estas descobertas oferecem suporte ao uso da ligação mente-músculo para acelerar a hipertrofia muscular.
Um foco interno proporciona maior hipertrofia dos flexores do cotovelo durante exercícios para a articulação do cotovelo, possivelmente aumentando a ativação da musculatura.
Notavelmente, em termos de ganhos de força, não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos.
De referir que os voluntários que participaram neste estudo estavam destreinados, ou seja, não estavam habituados a realizar treino resistido. Os resultados poderão ser distintos em indivíduos que contam com pelo menos vários meses de experiência de treino com pesos.
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