Num trabalho conduzido recentemente, no qual participaram 10 jovens saudáveis, um grupo de investigadores estudou o impacto da suplementação com o aminoácido leucina, ou do seu equivalente de duas moléculas, a dileucina, na síntese de proteína e a degradação muscular.
Estes investigadores verificaram que a suplementação com dileucina resulta numa síntese de proteína muscular 42% mais elevada do que a leucina livre.
Estes resultados foram publicados no Journal of Applied Physiology.
O professor Nicholas Burd, da Univerisade de Illionis Urbana-Champaign, que liderou este estudo, afirmou que:
A leucina, isoleucina e valina são aminoácidos ramificados, muito conhecidos entre os praticantes de musculação e entusiastas do estilo de vida “fit” que lhes reconhecem propriedades potenciadoras da hipertrofia muscular.
Tal como outros aminoácidos, eles são os blocos de construção das proteínas. Mas a leucina também atua como uma molécula sinalizadora que ativa vias anabólicas nas células musculares.
A digestão quebra as ligações químicas entre os aminoácidos que constituem as proteínas, o que resulta num caldo de moléculas mais pequenas, incluindo aminoácidos livres e dipeptídeos.
Os resultados obtidos em estudos anteriores sugerem que o intestino delgado absorve dipeptídeos como a leucina de forma mais rápida do que as suas versões em forma de aminoácidos único.
Mas poucos estudos verificaram se a dileucina presente na dieta chega até ao sangue em forma de dipeptídeos ou se primeiro é degradada em duas moléculas de leucina. Também nenhum estudo verificou os seus efeitos agudos na síntese e degradação de proteína muscular.
Para esta investigação, os participantes deram entrada no laboratório após um jejum de 12 horas e receberam uma infusão de isótopos estáveis, ou seja, marcadores químicos que permitem aos investigadores rastrear o processo de síntese e degradação do músculo esquelético. Posteriormente, efetuaram biopsias do tecido muscular da coxa.
Depois disso, os voluntários receberam 2 gramas de leucina ou 2 gramas de dileucina, e os investigadores estudaram a sua resposta de remodelação muscular durante três horas. Foram efetuadas três biopsias musculares adicionais, aos 30, 6 e 180 minutos após os participantes terem ingerido a leucina ou dileucina.
Verificou-se que a leucina chegava ao sangue mais rapidamente quando os voluntários ingeriram dileucina, em comparação com a ingestão de leucina em forma livre. Isto significa que a dileucina foi hidrolisada (separada em duas moléculas de leucina), antes de chegar à corrente sanguínea. Mas também verificaram que uma quantidade de leucina chegou ao sangue intacta.
Esta equipa de investigação verificou que naqueles que consumiram dileucina, a taxa de síntese de proteína muscular foi 42% mais elevada do que naqueles que ingeriram leucina.
Para efeitos de comparação, uma sessão de treino resistido aumenta a taxa de síntese de proteína muscular em 100-150%.
Por outro lado, não se registaram diferenças ao nível da degradação de proteína muscular entre as duas condições.
Estes investigadores também afirmam que as proteínas de origem animal são as melhores fontes alimentares de dileucina. No entanto, para já desencorajam o consumo de grandes quantidades de proteína de origem animal ou a ingestão de suplementos de dileucina para potenciar a hipertrofia muscular.
Afirmam ainda que ainda não conhecem os mecanismos através dos quais a dileucina funciona e que, focar-se em apenas um nutriente não providencia uma perspetiva de como a dieta geral e o padrão alimentar influenciam o músculo esquelético.
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