A miostatina é um composto que os praticantes de musculação vêm de forma negativa pois a sua principal função é inibir os ganhos de massa muscular e promover a sua degradação, atuando como um potente agente catabólico.1
Sabemos também que os animais que produzem níveis baixos ou nulos de miostatina, desenvolvem quantidades massivas de massa muscular, até um nível que poderia até ser considerado prejudicial para a sua saúde.2
De notar que os níveis de miostatina são afetados pelo nosso estilo de vida. Apenas como exemplo, sabe-se que o treino de musculação reduz a produção de miostatina3. Por sua vez, a privação de alimentos4, o tabagismo5, o stress6 e o sono insuficiente7 aumentam os seus níveis de forma significativa.
Folistatina
A folistatina é uma glicoproteína naturalmente presente e produzida pelo organismo. Trata-se também de um composto que também está presente na gema de ovo fertilizada e que é vendido em forma de suplemento.8
Vários trabalhos conduzidos até à data sugerem que a folistatina é um inibidor da miostatina, tendo resultado também em aumentos significativos da massa muscular.9 10 11
Um dos estudos mais interessantes para nós foi conduzido em jovens do sexo masculino que receberam um suplemento contendo folistatina, durante 12 semanas, em combinação com um programa de treino resistido.12
No final do estudo, o grupo que recebeu a folistatina ganhou significativamente mais massa magra (+1.7 kg) do que o grupo controlo (+0,6 kg), que recebeu um placebo.12
Potenciadores de Óxido Nítrico
A literatura científica sugere que o aumento dos níveis de óxido nítrico promove uma diminuição dos níveis de miostatina, podendo, desta forma, exercer efeitos anti-catabólicos.13
No entanto, os mecanismos exatos que se encontram por detrás desse efeito ainda não se encontram bem esclarecidos e, portanto, trata-se de um tema que requer mais investigação.
Entre os potenciais suplementos que se encontram à venda ao público e que podem aumentar a produção de óxido nítrico temos a arginina, a citrulina e ainda os nitratos.14
Vitamina D
Ao contrário do que se pensava há algumas décadas atrás, a Vitamina D não influencia apenas o metabolismo do cálcio e a estrutura óssea.
Atualmente sabe-se que a vitamina D modula uma grande variedade de aspetos que influenciam a saúde humana, tendo inclusive efeitos positivos ao nível do músculo esquelético, entre os quais se incluem uma melhoria da qualidade do tecido muscular, aumento da força e da circunferência muscular.15
Num estudo publicado em 2015 verificou-se a suplementação com 1920 UI (unidades internacionais) de vitamina D, em combinação com 12 semanas de treino resistido, diminuiu os níveis de miostatina e aumentou a expressão de fibras musculares do tipo IIa em voluntários jovens, e também melhorou a qualidade do músculo esquelético em idosos.15
O que torna este estudo especialmente interessante é que estes voluntários já tinham níveis suficientes de vitamina D antes do início do regime de suplementação. Ou seja, a suplementação com esta vitamina teve efeitos positivos mesmo em indivíduos que não sofriam défice.
Leucina
A leucina é provavelmente o aminoácido mais conhecido no mundo da musculação, principalmente por ser considerado o mais anabólico, atuando como molécula sinalizadora que, quando detetada pelas células musculares, iniciam uma cadeia de reações que culminam num aumento da síntese de proteína muscular.16
Mas para além das suas já confirmadas propriedades anabólicas, a leucina também parece ter efeitos anti catabólicos, mediados, pelo menos em parte, pela inibição da miostatina.17
Isto foi comprovado num estudo no qual imobilizaram os membros posteriores de animais durante 3 e 7 dias. Esta imobilização traduziu-se numa atrofia do músculo esquelético que se fez acompanhar por um aumento significativo dos níveis de miostatina.17
A suplementação com leucina foi capaz de mitigar a atrofia muscular e de diminuir os níveis de miostatina até aos seus valores normais. Curiosamente, a suplementação com este aminoácido também promoveu um maior aumento dos níveis de folistatina.
HMB
O HMB é um derivado da leucina e o seu metabolito mais ativo. Tratando-se do derivado mais potente da leucina, não será de estranhar que também o HMB também tenha propriedades inibidoras da miostatina.18
Num estudo conduzido em animais verificou-se que a suplementação com HMB diminuiu de forma significativa os níveis intramusculares de miostatina. Também se verificou que o exercício excêntrico diminui os níveis de miostatina, e a combinação de HMB com exercício promoveu uma descida ainda mais acentuada.18
Creatina
Apesar da creatina ser um dos suplementos mais investigados até à data, e de ser considerado o promotor de ganhos de força e massa muscular mais potente e eficaz, ainda não se conhecem, com exatidão, todos os mecanismos através dos quais exerce os seus efeitos.
Mas já foram publicados alguns trabalhos sugerem que a creatina parece exercer pelo menos parte dos seus efeitos anabólicos através da supressão da miostatina.
Mais precisamente, num estudo conduzido em modelos animais verificou-se que a suplementação com doses elevadas de creatina, durante 5 dias, levou a uma diminuição da expressão do mRNA da miostatina.19
Também foi completado um estudo em homens jovens, no qual estes receberam um suplemento de creatina, em combinação com um programa de treino resistido. O regime de suplementação consistiu na toma de 0,3 gr de creatina na primeira semana e de 0,05 gr nas sete semanas restantes.3
Após 8 semanas nesse regime, as análises demonstraram níveis mais significativamente baixos dos níveis plasmáticos de miostatina no grupo que se suplementou com creatina.
Espirulina
A espirulina é um suplemento que tem vindo a tornar-se mais popular nos últimos anos. Trata-se de um concentrado de biomassa de cianobactérias (algas verde-azuladas), que contém quantidades significativas de vitaminas e minerais, ácidos gordos, aminoácidos, fitoquímicos e fibra.20
Num estudo publicado muito recentemente, um grupo de investigadores submeteu 40 lutadores competitivos a um regime de perda de peso que durou um total de 12 dias, durante os quais se suplementaram com 3 g de espirulina ou um placebo.20
Aqui verificou-se uma diminuição mais acentuada dos níveis de miostatina e um declínio menor nos níveis de folistatina e de IGF-1 no grupo que recebeu a espirulina, em comparação com o grupo que ingeriu um placebo.
➤ Mostrar/Ocultar Referências!
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