O mel é um alimento realmente incrível e ao contrário do que muitas pessoas pensam, o mel não é apenas uma fonte uma fonte de açúcar refinado cujo consumo deve ser evitado, tal como acontece com o açúcar de mesa comum.
O que essas pessoas não sabem é que na verdade o mel é um alimento bastante nutritivo e pode proporcionar vários benefícios para a saúde.
Os possíveis benefícios para a saúde do consumo de mel já têm vindo a ser documentados desde os tempos da grécia antiga, do império romano, e as qualidades curativas do mel também foram registadas por textos islâmicos e por vários filósofos e investigadores dos tempos antigos, tais como por Aristóteles (384-322 aC ) e Aristoxenus (320 aC).
As propriedade benéficas do mel também têm vindo a ser exploradas nos tempos modernos e hoje em dia temos evidências científicas que sugerem que essas afirmações histórias podem ter um fundo de verdade.
Pode prevenir o refluxo gastroesofágico (azia)
O professor Mahantayya V Math, do MGM Medical College, explicou no British Medical Journal que, uma vez que o mel é 125,9 vezes mais viscoso do que a água destilada a 37° Celsius (a temperatura corporal), o mel pode ser útil na prevenção da azia, pois pode atuar como uma barreira física que previne o refluxo gastroesofágico.
A ingestão de apenas 5 ml de mel poderá ser o suficiente para se conseguir obter esse efeito protetor (1).
Tratamento da Gastroenterite infantil
Já foi realizada um estudo no qual os investigadores usaram mel numa solução de rehidratação oral em crianças e lactentes com gastroenterite. O seu objetivo era duplo:
- Determinar se o mel pode afetar a duração da diarréia aguda.
- Avaliar o mel como um substituto da glicose em reidratação oral.
Eles descobriram que o mel diminui a duração da diarreia bacteriana em crianças e jovens crianças. Eles acrescentaram que o mel não prolonga a duração da diarreia não bacteriana, e pode ser usada de forma segura como substituto para a glicose numa solução de rehidratação oral contendo eletrólitos (2).
Pode acelerar a cura de feridas
Os antigos egípcios e gregos já usavam com frequência o mel no tratamento de feridas, e atualmente, é cada vez maior o uso de mel natural, não processado, em meios hospitalares para o tratamento de um amplo espectro de feridas.
Já ficou comprado que o mel possui propriedades antibacterianas (que se deve ao peróxido de hidrogénio) e que também acelera a cura das feridas através dos seus efeitos anti-inflamatórios. A ação anti-inflamatória do mel reduz o edema, a quantidade de exsudado e as dores.
Devido ao seu elevado teor de açúcar, o mel também previne a dor típica que ocorre durante a troca de curativos, pois mantém a superfície da ferida húmida ao mobilizar o edema dos tecidos circundantes.
Como exemplo, o Medihoney ™ foi um dos primeiros tipos de mel a ser certificado e licenciado como produto médico para uso no tratamento profissional de feridas na Europa e na Austrália (3).
Pode acelerar a cura de queimaduras
O uso do mel no tratamento de queimaduras já é conhecido desde 2000, e nos últimos tem vindo a crescer o interesse no uso do mel na medicina moderna, uma vez que várias investigações indicam que o mel pode acelerar de forma significativa o processo de cura de queimaduras (4, 5).
O mel funciona graças à sua elevada osmolaridade, que inibe o crescimento de bactérias e também acelera a limpeza de feridas e a eliminação de resíduos de feridas sujas. O mel também contém um fator termolábil e antibacteriano, a inhibine. Nos estudos em que o mel foi utilizado no tratamento de queimaduras, este provou ser mais eficaz na esterilização de feridas do que a sulfadiazina de prata.
A queimadura, ou a lesão térmica da pele, é uma lesão de oxidação, e ocorre sempre um aumento da actividade da xantina oxidase, que é acompanhado por um aumento na peroxidação lipídica. Isto provoca efeitos prejudiciais em vários sistemas de órgãos.
Num estudo, os investigadores afirmaram:
Neste estudo prospectivo, o mel provocou uma diminuição do tempo de cura das queimaduras e uma diminuição das cicatrizes ao tornar as feridas estéreis através dos seus efeitos antibacterianos, e através do efeito antioxidante do mel na limitação de peroxidação lipídica.
Nós recomendamos o tratamento imediato de feridas de queimadura com mel monofloral que esteja estéril. Não ocorreram efeitos secundários como alergias, irritação ou toxicidade.
Pode diminuir a severidade de alergias
Existem alguns dados que sugerem que o mel pode ser útil no sentido de minimizar as alergias sazonais. E embora a bibliografia acerca deste tema seja escassa, já foi realizado um estudo que mostrou resultados positivos com o uso do mel no tratamento de alergias.
Este estudo avaliou os efeitos do uso de mel de pólen de bétula (pólen de bétula adicionado ao mel) ou mel normal, nos sintomas e na medicação durante a temporada do pólen de bétula.
Um total de 14 pacientes que sofriam de alergia ao óleo de bétula, consumiram mel de pólen de bétula ou mel normal, a partir de Novembro até Março. O grupo de controlo consistiu num grupo de 17 pacientes que apenas continuaram a usar os medicamentos normais para controlar os sintomas da alergia. Os pacientes registaram os seus sintomas e o uso diário de medicação entre Abril e Março.
Neste estudo verificou-se que, em comparação com o grupo de controlo, durante a época do pólen, os pacientes que usaram mel de pólen de bétula obtiveram:
- Uma redução de 60% dos sintomas.
- O dobro do número de dias sem sofrer sintomas alérgicos.
- Uma percentagem 70% inferior de dias com sintomas alérgicos severos.
- Uma redução de 50% do uso de anti-histamínicos.
Curiosamente, houve poucas diferenças entre os dois grupos que ingeriram mel, ou seja, entre aqueles que ingeriram o mel normal em comparação com aqueles que ingeriram o mel que continha pólen de bétula. No entanto, o grupo do mel com pólen de bétula usou uma quantidade mais reduzida de anti-histamínicos do que o grupo do mel normal (6).
Os autores do estudo concluíram que:
Os pacientes que usaram o mel de pólen de bétula obtiveram um controlo significativamente maior dos seus sintomas do que aqueles que tomaram apenas a sua medicação convencional, e tiveram um controlo um pouco melhor em comparação com aqueles que consumiram mel normal.
Estes resultados devem ser considerados como preliminares, mas indicam que o mel de pólen de bétula poderia servir como terapia complementar no tratamento da alergia ao pólen de bétula.
Pode ajudar a combater infeções
Em 2010, cientistas da University of Amsterdam escreveram no FASEB Journal que a capacidade que o mel tem de matar bactérias reside sobretudo numa proteína chamada defensin-1 (7).
Um estudo publicado no Jornal Microbiology revelou que o mel Makuna é eficiente para tratar infeções de feridas crónicas e pode até prevenir a formação deste tipo de infeções (8).
O Dr. Rowena Jenkins e colegas, da University of Wales Institute, afirmou que o mel de Manuka mata as bactérias destruindo certas proteínas chave das bactérias (9).
Alguns estudos revelaram que um tipo específico de mel, chamado “Mel de Manuka”, pode até ser eficiente no tratamento de infeções por determinadas bactérias resistentes a antibióticos (10).
Desde há algum tempo que se sabe que o mel de Manuka e outros tipos de mel têm propriedades curativas de feridas e anti-bacterianas. Mas ainda não se sabe de que forma é que eles atuam.
Se pudermos descobrir exatamente como é que o mel Manuka inibe o crescimento de bactérias, este poderia ser usado com maior frequência como primeira linha de tratamento para infecções com bactérias que são resistentes a diversos antibióticos actualmente disponíveis.
Um estudo publicado no Jornal Pediatrics, comparou o mel a um placebo para ajudar as crianças com tosse durante a noite e verificou que o mel foi superior (11).
Os investigadores concluíram:
Os pais classificaram os produtos de mel como sendo superiores ao extrato de tâmara no alívio sintomático da tosse nocturna das suas crianças e da dificuldade em dormir devido à infeção do trato respiratório superior. O mel poderá ser um tratamento preferível para a tosse e dificuldade em dormir associada às infeções do trato respiratório superior nas crianças.
Kendall Powell escreveu no Jornal Nature que “o mel natural é três vezes mais eficiente a matar bactérias” do que uma solução de mel artificial com a mesma espessura e concentração de açúcar.
Outros possíveis usos na medicina
Têm vindo a ser realizadas novas investigações que encontram possíveis novos usos do mel no tratamento de certas condições e doenças.
Como exemplo, um estudo descobriu que a aplicação tópica de mel de manuka pode prevenir a dermatite induzida por radiação em pacientes com cancro da mama, ou diminuir de forma significativa a duração de episódios de dermatite (12).
Pode ser ideal para a refeição pré-treino
Uma vez que o mel é constituído por uma mistura de 38,2 % de frutose e de 31,3% de glicose (para além de outras formas de açúcar) (13), poderá ser o alimento ideal para ingerir antes dos treinos, juntamente com proteína whey, sobretudo para aqueles que pretendem evitar as fontes de carboidratos muito refinadas e picos de aumento dos níveis de açúcar no sangue e de insulina..
Já foi realizado um estudo que verificou que a ingestão de uma mistura de glicose com frutose, 15 minutos antes de um treino, diminui o nível de fadiga e o cansaço em comparação com a ingestão de apenas glucose (dextrose) (14).
Tendo um índice glicémico de 55, é pouco provável que esta fonte de carboidratos possa provocar flutuações drásticas dos níveis de insulina, que por sua vez o poderiam deixar sem energia a meio de um treino intenso.
Por esse motivo, o mel pode uma fonte de carboidratos ideal para consumir na refeição pré-treino, para efeitos da melhoria da performance e diminuição da fadiga.
Se vai usar o mel no pré-treino, tenha em conta que por cada 100 gramas, o mel contem 82,4 gramas de carboidratos e 304 calorias (15).
Conclusão
Como pode ver, o mel pode beneficiar a saúde de várias formas e ao contrário do que muitos pensam, está longe de ser uma "bomba" de calorias vazias. Até porque ao contrário do que acontece com outras fontes de carboidratos refinados, o mel também contem uma pequena quantidade de vitaminas, minerais, antioxidantes e outras substâncias bioativas.
A verdade é que o interesse da medicina moderna por este alimento milenar tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos e continuam a descobrir-se novas áreas da saúde em que o mel pode ter um efeito positivo.
Dito isto, em princípio não deverá ter nenhum problema ao incluir um pouco de mel na sua dieta, desde que esta esteja devidamente ajustada e seja a adequada para si. Assim sendo, caso tenha que escolher entre utilizar açúcar de mesa ou mel, sugiro-lhe vivamente que opte sempre pelo mel.
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