Avançar para o conteúdo principal

12 benefícios do cacau

O cacau/chocolate é um alimento muito popular que pode ser ingerido em várias formas: barras de chocolate, bebidas, gelados, bolos, etc. Se há alguns anos atrás se considerava que o chocolate era um alimento a evitar, sobretudo devido ao seu elevado valor energético, atualmente discute-se cada vez mais os benefícios que este alimento pode proporcionar aos seres humanos.

Na verdade, o cacau, ou melhor dito, o chocolate que contém uma elevada concentração de cacau, é um dos alimentos mais saudáveis que você pode ingerir. Não acredita em mim? Então leia este artigo até ao fim.

12 benefícios do cacau/chocolate

É nutritivo: O cacau/chocolate preto é especialmente rico em minerais que geralmente são difíceis de obter em quantidades adequadas a partir da dieta, tais como magnésio e zinco (5, 19). Para além disso, também contém quantidades significativas de outros nutrientes tais como o manganésio, potássio, cobre, fósforo e vários outros (1).

Tem propriedades antioxidantes: O cacau possui compostos, sobretudo polifenóis, que têm uma potente capacidade antioxidante. Na verdade, verificou-se que a capacidade antioxidante do cacau é até superior à de”super-frutas” como o açaí, mirtilo, amora e romã (2).

As suas propriedades antioxidantes também proporcionam uma redução dos níveis de colesterol LDL oxidado (3, 4) , ao mesmo tempo que aumenta os níveis de colesterol saudável (HDL) e de LDL total (5).

Diminui a tensão arterial: Ficou comprovado que a ingestão de chocolate preto durante duas semanas provoca uma redução significativa da pressão arterial sistólica tanto em indivíduos saudáveis como em hipertensos (6-8).

Promove a vasodilatação dos vasos sanguíneos: O cacau contém flavonoides que parecem ter a capacidade de elevar os níveis de óxido nítrico, uma molécula que desempenha um papel crucial no nível de vasodilatação e flexibilidade dos vasos sanguíneos (9-11).

Tem propriedades antitrombóticas: Verificou–se que o cacau reduz a agregação e a adesão das plaquetas, tendo propriedades similares às da aspirina (12).

Diminui o risco de doença coronária: As propriedades antioxidantes, anti-hipertensivas, vasodilatadoras e antitrombóticas do cacau proporcionam uma redução significativa do risco de várias doenças cardiovascular, mesmo em indivíduos que sofrem de síndrome metabólica (13-15).

Diminui a resistência à insulina: O aumento dos níveis de óxido nítrico que o cacau provoca está associado a uma diminuição da resistência à insulina e ao mesmo tempo um aumento da sensibilidade a essa hormona, o que ficou comprovado em vários estudos (7, 8, 16).

Pode diminuir o risco de obesidade: Num estudo realizado em ratos verificou-se que a ingestão de cacau conduz a uma diminuição do peso corporal e a um aumento da termogénese (17).

Reduz o stress: A ingestão de cacau/chocolate provoca um aumento dos níveis de serotonina, que tem um efeito calmante, mesmo em indivíduos que sofrem de ansiedade. Esse efeito pode dever-se também aos polifenóis, flavanols e metillxantina e ácido valérico que também estão presentes no cacau (18, 19).

Melhora a saúde do cérebro: Verificou-se que o cacau provoca um aumento da capacidade cognitiva e que pode diminuir o risco de demência e de acidente vascular cerebral, em parte devido a um aumento do fluxo sanguíneo no cérebro (20-23).

É anti-cancerígeno: Vários estudos sugerem que o cacau possui propriedades anti-cancerígenas, que provavelmente derivam das propriedades antioxidantes que este alimento tem (24, 25).

Tem propriedades anti-inflamatórias: Pelo menos um estudo demonstrou que os polifenóis presentes no cacau podem diminuir os níveis de inflamação no trato digestivo, especialmente no cólon (26).

Conclusão

Não podia terminar este artigo sem alertar o leitor para o valor energético elevado do chocolate, mesmo quando se trata de chocolate preto com uma concentração de cacau superior a 70%.

100 gramas de chocolate preto com uma concentração de 70-85% de cacau contém cerca de 600 kcal e inclui aproximadamente 24 gramas de açúcar e 42,7 gramas de gordura, sendo que estes são valores bastante significativos (1).

Antes de começar a ingerir quantidades significativas de cacau/chocolate, assegure-se que este “cabe” na sua dieta e que não irá passar a ingerir um nº de Kcal superior àquele que gasta por dia. Melhor ainda, consulte um nutricionista, pois este irá assegurar-se de estruturar uma dieta equilibrada para si.

Nota: Nunca dê chocolate/cacau aos seus animais de estimação pois este contém treobomina, uma substância tóxica para cães e gatos (27, 28).

➤ Mostrar/Ocultar Referências!
  1. . USDA National Nutrient Database - Chocolate, dark, 70-85% cacao solids. Disponível em: http://ndb.nal.usda.gov/ndb/foods/show/6405?manu=&fgcd=.
  2. Crozier SJ, Preston AG, Hurst JW, Payne MJ, Mann J, Hainly L, et al. Cacao seeds are a "Super Fruit": A comparative analysis of various fruit powders and products. Chemistry Central Journal. 2011; 5:5-5.
  3. Rein D, Lotito S, Holt RR, Keen CL, Schmitz HH, Fraga CG. Epicatechin in Human Plasma: In Vivo Determination and Effect of Chocolate Consumption on Plasma Oxidation Status. The Journal of Nutrition. 2000; 130(8):2109S-14S.
  4. Osakabe N, Baba S, Yasuda A, Iwamoto T, Kamiyama M, Takizawa T, et al. Daily cocoa intake reduces the susceptibility of low-density lipoprotein to oxidation as demonstrated in healthy human volunteers. Free Radical Research. 2001; 34(1):93-99.
  5. Baba S, Natsume M Fau - Yasuda A, Yasuda A Fau - Nakamura Y, Nakamura Y Fau - Tamura T, Tamura T Fau - Osakabe N, Osakabe N Fau - Kanegae M, et al. Plasma LDL and HDL cholesterol and oxidized LDL concentrations are altered in normo- and hypercholesterolemic humans after intake of different levels of cocoa powder. (0022-3166 (Print))
  6. Taubert D, Berkels R, Roesen R, Klaus W. CHocolate and blood pressure in elderly individuals with isolated systolic hypertension. JAMA. 2003; 290(8):1029-30.
  7. Grassi D, Lippi C Fau - Necozione S, Necozione S Fau - Desideri G, Desideri G Fau - Ferri C, Ferri C. Short-term administration of dark chocolate is followed by a significant increase in insulin sensitivity and a decrease in blood pressure in healthy persons. (0002-9165 (Print))
  8. Grassi D, Necozione S Fau - Lippi C, Lippi C Fau - Croce G, Croce G Fau - Valeri L, Valeri L Fau - Pasqualetti P, Pasqualetti P Fau - Desideri G, et al. Cocoa reduces blood pressure and insulin resistance and improves endothelium-dependent vasodilation in hypertensives. (1524-4563 (Electronic))
  9. Fisher ND, Hollenberg NK. Aging and vascular responses to flavanol-rich cocoa. (0263-6352 (Print))
  10. Karim M, McCormick K Fau - Kappagoda CT, Kappagoda CT. Effects of cocoa extracts on endothelium-dependent relaxation. (0022-3166 (Print))
  11. Schroeter H, Heiss C, Balzer J, Kleinbongard P, Keen CL, Hollenberg NK, et al. (–)-Epicatechin mediates beneficial effects of flavanol-rich cocoa on vascular function in humans. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 2006; 103(4):1024-29.
  12. Schramm DD, Wang Jf Fau - Holt RR, Holt Rr Fau - Ensunsa JL, Ensunsa Jl Fau - Gonsalves JL, Gonsalves Jl Fau - Lazarus SA, Lazarus Sa Fau - Schmitz HH, et al. Chocolate procyanidins decrease the leukotriene-prostacyclin ratio in humans and human aortic endothelial cells. (0002-9165 (Print))
  13. Zomer E, Owen A, Magliano DJ, Liew D, Reid CM. The effectiveness and cost effectiveness of dark chocolate consumption as prevention therapy in people at high risk of cardiovascular disease: best case scenario analysis using a Markov model [10.1136/bmj.e3657]. BMJ. 2012; 344
  14. Buijsse B, Feskens Ej Fau - Kok FJ, Kok Fj Fau - Kromhout D, Kromhout D. Cocoa intake, blood pressure, and cardiovascular mortality: the Zutphen Elderly Study. (0003-9926 (Print))
  15. Galleano M, Oteiza PI, Fraga CG. Cocoa, chocolate and cardiovascular disease. Journal of cardiovascular pharmacology. 2009; 54(6):483-90.
  16. Grassi D, Desideri G Fau - Necozione S, Necozione S Fau - Lippi C, Lippi C Fau - Casale R, Casale R Fau - Properzi G, Properzi G Fau - Blumberg JB, et al. Blood pressure is reduced and insulin sensitivity increased in glucose-intolerant, hypertensive subjects after 15 days of consuming high-polyphenol dark chocolate. (1541-6100 (Electronic))
  17. Matsui N, Ito R Fau - Nishimura E, Nishimura E Fau - Yoshikawa M, Yoshikawa M Fau - Kato M, Kato M Fau - Kamei M, Kamei M Fau - Shibata H, et al. Ingested cocoa can prevent high-fat diet-induced obesity by regulating the expression of genes for fatty acid metabolism. (0899-9007 (Print))
  18. Ashton J AS. The best food for mood. In: A Chocolate a Day: Keeps the Doctor Away. New York, NY: Thomas Dunne Books/St Martin’s Press;. 2003
  19. Scholey A Fau - Owen L, Owen L. Effects of chocolate on cognitive function and mood: a systematic review. (1753-4887 (Electronic))
  20. Nurk E, Refsum H Fau - Drevon CA, Drevon Ca Fau - Tell GS, Tell Gs Fau - Nygaard HA, Nygaard Ha Fau - Engedal K, Engedal K Fau - Smith AD, et al. Intake of flavonoid-rich wine, tea, and chocolate by elderly men and women is associated with better cognitive test performance. (1541-6100 (Electronic))
  21. Larsson SC, Virtamo J Fau - Wolk A, Wolk A. Chocolate consumption and risk of stroke: a prospective cohort of men and meta-analysis. (1526-632X (Electronic))
  22. Sokolov AN, Pavlova Ma Fau - Klosterhalfen S, Klosterhalfen S Fau - Enck P, Enck P. Chocolate and the brain: neurobiological impact of cocoa flavanols on cognition and behavior. (1873-7528 (Electronic))
  23. Francis ST, Head K Fau - Morris PG, Morris Pg Fau - Macdonald IA, Macdonald IA. The effect of flavanol-rich cocoa on the fMRI response to a cognitive task in healthy young people. (0160-2446 (Print))
  24. Kozikowski AP, Tuckmantel W Fau - Bottcher G, Bottcher G Fau - Romanczyk LJ, Jr., Romanczyk LJ, Jr. Studies in polyphenol chemistry and bioactivity. 4.(1) Synthesis of trimeric, tetrameric, pentameric, and higher oligomeric epicatechin-derived procyanidins having all-4beta,8-interflavan connectivity and their inhibition of cancer cell growth through cell cycle arrest. (0022-3263 (Print))
  25. Carnesecchi S, Schneider Y Fau - Lazarus SA, Lazarus Sa Fau - Coehlo D, Coehlo D Fau - Gosse F, Gosse F Fau - Raul F, Raul F. Flavanols and procyanidins of cocoa and chocolate inhibit growth and polyamine biosynthesis of human colonic cancer cells. (0304-3835 (Print))
  26. Rodriguez-Ramiro I, Ramos S Fau - Lopez-Oliva E, Lopez-Oliva E Fau - Agis-Torres A, Agis-Torres A Fau - Bravo L, Bravo L Fau - Goya L, Goya L Fau - Martin MA, et al. Cocoa polyphenols prevent inflammation in the colon of azoxymethane-treated rats and in TNF-alpha-stimulated Caco-2 cells. (1475-2662 (Electronic))
  27. Soffietti MG, Nebbia C Fau - Valenza F, Valenza F Fau - Amedeo S, Amedeo S Fau - Re G, Re G. Toxic effects of theobromine on mature and immature male rabbits. (0021-9975 (Print))
  28. Kovalkovičová N, Šutiaková I, Pistl J, Šutiak V. Some food toxic for pets. Interdisciplinary Toxicology. 2009; 2(3):169-76.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Quanta proteína é possível absorver por refeição?

Dentre a série de tópicos relativamente controversos englobados no mundo da nutrição temos a questão da quantidade de proteína que o corpo humano consegue absorver no seguimento de uma dada refeição. Relacionado com a mesma temática, temos a questão da definição da quantidade de proteína que idealmente se deve ingerir após a execução de um treino resistido, com vista a maximizar a síntese de proteína muscular. Estudos publicados até há poucos anos concluíram que a ingestão de 20 a 25 g de proteína de boa qualidade (whey, proteína do leite, ou proteína de ovo) após um treino de musculação direcionado à musculatura dos membros inferiores seria o suficiente para maximizar a síntese de proteína muscular em adultos jovens e saudáveis, sendo que em doses superiores os aminoácidos “excedentários” seriam simplesmente oxidados. 1,2   Entretanto, em 2016, os autores Macnaughton et al. 3 verificaram que a suplementação com 40 g de proteína whey após uma sessão de treino de musculação de corpo i

Os Suplementos Termogénicos Funcionam?

A obesidade encontra-se classificada como uma doença crónica cuja prevalência tem vindo a aumentar ao ponto de atualmente ser considerada uma pandemia. ¹ Atualmente, verifica-se que a maioria da população europeia (60%) encontra-se na categoria de pré-obesidade, ou obesidade. ¹ Em Portugal o cenário é relativamente similar, com 57,1% dos indivíduos a apresentar um índice de massa corporal ≥25 kg/m². ²   Logicamente, esta população numerosa representa um mercado apetecível para as empresas envolvidas na produção e/ou comercialização de suplementos alimentares, que ambicionem aumentar as suas vendas.  Do conjunto de suplementos direcionados para a perda de peso/gordura, destacam-se os termogénicos, os quais, supostamente, promovem um aumento da lipólise através de um aumento do metabolismo, induzido por determinados compostos presentes nesses suplementos.  Mas será que os suplementos termogénicos efetivamente facilitam a perda de peso ou de gordura em indivíduos pré-obesos ou obesos?  Cl

É Melhor Perder Peso de Forma Rápida ou Lenta?

A perda de gordura pode proporcionar vários benefícios para a saúde daqueles que têm excesso de peso. ¹⁻² e é uma necessidade imperativa para atletas de determinados desportos e para aqueles que participam em competições de culturismo e similares.³ No entanto, independentemente do ritmo a que se perde peso, há uma série de consequências negativas que são praticamente impossíveis de evitar. Esses efeitos indesejáveis incluem a diminuição da taxa metabólica basal em repouso,⁴ dos níveis de testosterona,⁵ perda de massa magra,⁶ e diminuição da força muscular.⁷⁻⁸ De forma a minimizar esses efeitos negativos, são muitos aqueles que evitam as dietas mais drásticas, do tipo yo-yo e que, em vez disso, aconselham uma perda de peso lenta, por exemplo, de 0,5 kg de peso corporal, por semana.³ O que diz a ciência? Já foram conduzidos variados estudos que procuraram determinar qual a velocidade de perda de peso que melhor preserva a taxa metabólica, a massa magra, bem como os níveis de testosterona