Embora já estejam presentes no mercado há várias décadas, nos últimos anos o uso de equipamentos de eletroestimulação tem vindo a popularizar-se nos ginásios, salas de musculação e centros de treino especializado.
Nesses contextos, a eletroestimulação geralmente é aplicada a um ou vários grupos musculares através de um fato/equipamento especial que é necessário vestir, e habitualmente é usada em combinação com exercícios de musculação, como o agachamento e outros.
Mas será que o uso destes dispositivos, em combinação com o exercício resistido, se traduz em maiores ganhos de força e de massa muscular?
O que diz a ciência?
Para sabermos se algum método é ou não eficaz, o melhor será aplicar uma metodologia científica e testá-lo num ambiente controlado.
Recentemente, um grupo de investigadores abordou este tema e, para o efeito, recrutou 55 homens jovens e saudáveis, sem experiência de treino resistido nos 6 meses anteriores, mas fisicamente ativos.
Estes voluntários foram distribuídos em três grupos:
- Um grupo que apenas realizou exercício resistido
- Um grupo que seguiu o programa de treino resistido em combinação com a eletroestimulação.
- Um grupo de controlo no qual os voluntários não treinaram com pesos nem usaram um equipamento de eletroestimulação.
O programa de treino, que teve uma duração total de 8 semanas, consistiu em:
- 2 treinos por semana.
- Em cada treino executaram-se os exercícios agachamento, rosca bíceps e tríceps pulley.
- Para cada exercício, realizaram 3 séries de 8 a 12 repetições máximas.
- O período de descanso entre séries foi de 90 segundos.
- Os pesos levantados em cada exercício foram continuamente ajustados.
- A intensidade da estimulação elétrica também foi progressivamente aumentada.
Estes investigadores efetuaram testes de força máxima (1RM) e avaliaram a espessura muscular por ultrassonografia, antes e após as 8 semanas de treino.
Resultados
No que respeita aos resultados, estes investigadores detetaram melhorias significativas no grupo que executou o treino resistido com o equipamento de eletroestimulação, nomeadamente em termos de ganhos de força e ao nível da hipertrofia muscular.
O grupo que realizou o treino resistido + eletroestimulação (TR+Ele) obteve maiores aumentos de 1RM nos exercícios rosca bíceps (24,3% vs. 15,1%) e agachamento (43,2% vs. 20,5%) do que o grupo que apenas realizou treino resistido, enquanto que os ganhos no exercício tríceps pulley foram praticamente similares (21,2% vs. 22,1%).
A combinação de treino resistido com eletroestimulação (TR+Ele) também proporcionou maiores ganhos ao nível da espessura dos músculos tríceps braquial (16,8% vs. 9,1%), bíceps braquial (21,6% vs. 11,9%), embora os ganhos no músculo vasto lateral tenham sido quase idênticos (12,9% vs. 13%) aos do grupo que apenas realizou o treino resistido.
No seu trabalho, os autores referem possíveis mecanismos que podem ajudar a explicar os resultados observados:
- A adição de eletroestimulação ao exercício resistido poderá permitir recrutar um maior número de unidades motoras, aumentar o nível de stress mecânico e metabólico.
- O stress mecânico e o stress metabólico têm vindo a ser referidos como fatores que promovem o aumento da área de circunferência do músculo.
Na sua conclusão, estes investigadores escreveram:
Os nossos dados sugerem que a combinação de treino resistido com eletroestimulação pode promover alterações ao nível da força e espessura muscular, em indivíduos saudáveis e ativos.
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